PS: Envia-me, se puderes, sabão e mais alguns dos teus maravilhosos doces.
Amo-te imenso.
França, 15 de Setembro de 1917
Querida mãe:
Estou cheio de saudades vossas, nem sabem como eu me tenho sentido nestes últimos dias, já cá estou há 4 meses e isto parece-se quase com um inferno...
Quando vim para aqui pensava que ia viver uma grande aventura, iria ser um grande herói por poder vestir esta farda...mas foi tudo uma grande ilusão...agora que aqui estou, estou preso, só penso na hora de tudo isto acabar e poder sair.
Há imensa falta de higiene; a comida é mínima e, por vezes, passamos bastante fome...
Às vezes estou doente mas, mesmo assim, tenho de estar em luta contra o inimigo...Não sei bem o que dizer...
Quando tenho tempo, (que é mínimo), sento-me com os meus camaradas à noite e, todos juntos, falamos sobre os maravilhosos momentos que passámos com as nossas famílias.
Enfim, isto é um pesadelo enorme e estou desejoso de estar contigo e de ver o resto da família.
Nem sei bem porque para aqui vim...
Já nem consigo pensar em mais nada a não ser em guerras, inimigos, espingardas, bombas, mortes, amigos, feridos, fome (por falar nisso, tenho imensas saudades dos teus cozinhados mãe...).
E o pai? Como tem passado? ...
Bem por agora é tudo.
Com muitas saudades me despeço de ti...
Muitos beijinhos!
André Branquinho
Vale de Lys, 23 de Dezembro de 1916
Queridos pais,
A vida aqui nas trincheiras não vai nada bem, come-se muito mal e por vezes não se come, foi uma ideia estúpida vir para aqui e nem sei porque estou eu nesta guerra, já arranjei amigos aqui mas, muitos já se tentaram suicidar, pela primeira vez, na vida toquei numa arma e numa granada. Aqui só utilizamos o telefone uma vez por ano para ligar para as famílias, esta guerra parece que nunca mais acaba.
Pai e mãe gostaria, de estar agora convosco para passar o Natal porque aqui nem natal deve existir.
Tenho muitas saudades vossas e espero não morrer nesta guerra, para voltar para vocês.
Adoro-vos.
Tiago
PS: Dá beijinhos grandes aos meus irmãos por mim…
Terra de Ninguém, 9 de Novembro de 1916
Caros familiares,
Estou a escrever-vos porque poderá ser a última vez que vos escrevo. A vida nos bunkers é muito má. Já quase não temos comida e água, nem se fala. Quando saímos para fora, só há tiros de metralhadoras, se levantamos a cabeça da trincheira e com sorte não levarmos um tiro, só vemos crateras e mortos, por causa das granadas lançadas por canhões. Eu queria muito visitar-vos, como os outros o fazem mas como estou à frente no comando, não posso. Voltarei a escrever-vos, se com sorte, já não tiver sido morto.
Beijinhos e abraços
do Rúben
2 comentários:
gostei muito da carta da marisa do 9A, pois estava muito bem feita e esprimiu muito semtimento...
Até arrepiei ao lê-la.
Ché tá fixe mas curta devias aumentar o texto
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