quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Val de Lys, 2 de Setembro de 1915

Querida mãe,
Espero que estejam todos bem.
Vocês nem sabem o que tenho estado a passar. Aqui, às vezes, passamos fome mas quando comemos, a comida é desidratada. E depois… aqueles barulhos horríveis dos bombardeamentos, dias inteiros a ouvir explodir granadas, o terrível gás asfixiante, as metralhadoras e nem me quero alongar mais em tantos horrores…
É assim com a alimentação … mas a nossa higiene é precária, quase inexistente. Como estamos muito tempo nas trincheiras apanhamos doenças e piolhos que nos mordem. Como a nossa roupa é lavada a vapor, os ovos dos piolhos ficam lá, temos que virar a roupa do avesso e matá-los com as pontas dos cigarros. Quando tomamos banho, até as enfermeiras têm medo de chegar perto de nós… para não apanharem piolhos ou outras doenças.
Temos que conviver com ratos que comem os restos de muitos companheiros nossos que morrem na terra de ninguém. Nem sabem como estou desesperado e desejo que esta guerra acabe para poder voltar outra vez para perto de todos vocês.
Tenho muitas saudades vossas. Também não sei se poderei receber ou escrever mais cartas porque não sei o que me irá acontecer.
Com carinho do teu filho,

Cláudio Borges

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu gostei porque refere aos sentimentos da mãe e do filho.