quinta-feira, 23 de outubro de 2008

CONTINUAM A CHEGAR-NOS CARTAS AOS MOLHOS...




França, 20 de Maio de 1916


Querida mãe:

Recebi as tuas cartas, as quais me serviram de consolo. Há muito tempo que não te vejo, as saudades que sinto são imensas.
Mãe! Não te quero preocupar, mas estar nesta guerra é não ter um futuro, é não conseguir fechar os olhos para descansar, é chorar para acalmar, é estar aqui e não estar.
Estar aqui é só pensar numa coisa:
- Onde está Deus? Onde está aquele que se diz protector do ser humano? Na verdade estar aqui é não ter vida.
Além de todo o sofrimento tenho que estar sujeito a coisas imprevisíveis, coisas que nunca pensei sonhar.
Aqui está imensa lama porque está a chover muito. Além da chuva, também está muito frio. Ter piolhos é uma das piores coisas da guerra, é nunca estar quieto, na verdade é estar sempre com a mão na cabeça.
O que nunca imaginei foi que eu tivesse em minhas mãos uma metralhadora, foi doloroso escavar as trincheiras, a fome e a lama contribuíram para as diversas mortes. Ver os meus companheiros mortos é lamentável, mas o pior de tudo é pensar, que este pode ser o meu futuro.
Mãe! Eu tinha um sonho … que era ser feliz, mas eu já não aguento mais, é um tormento estar aqui. Por ti eu não vou desistir do meu sonho, a tua determinação dá-me força e faz-me ter esperança. Não vou perder a fé, mas deixo um adeus. Mesmo sofrendo, eu tenho mãe e quem tem mãe, tem tudo. Até um dia, se o Senhor quiser.

Com muitas saudades, do teu filho e admirador,

William


França, 12 de Abril de 1916

Querido pai:

Está tudo bem por aí?
As coisas aqui são horríveis, não há condições adequadas para um ser humano.
Bem, só espero que o Wilson esteja grande e forte e que esteja a alimentar-se bem.
Como é que ele está na escola? Antes era bastante distraído e não queria saber dos estudos para nada.
Estou com muitos saudades vossas e espero voltar a ver-vos em breve.
Agora estamos a construir as trincheiras, que se enchem de lama em dias de tempestade.
Peço-te que não contes nada desta situação ao Wilson pois não quero que ele pense que vai perder o pai como perdeu a mãe.
Sem poder escrever mais, diz ao Wilson que o adoro e que em breve voltarei para casa.
Beijos do teu filho que te adora,

George

1 comentário:

Anónimo disse...

eu voto na carta do william,
porque acho que esta realista,e aimgem combina com a carta.