segunda-feira, 3 de novembro de 2008

MAIS CARTAS??!!

França, 16 de Julho de 1918

Querida mãe,
Tenho imensas saudades vossas.
Gostava de não estar aqui. Com esta guerra pensava que podia ser herói da nossa família mas pelos vistos enganei-me.
As condições de vida são péssimas. As trincheiras são buracos feitos por nós, onde combatemos, vigiamos, comemos e dormimos.
No Inverno, as trincheiras ficam inundadas e ficamos encharcados, cheios de lama. Já morreram muitos soldados. Estou cheio de medo do que possa vir a acontecer comigo e com todos os outros.
Cortei o meu cabelo, que sempre tratei muito bem, porque apanhei piolhos.
Tenho muito medo, o silêncio é perturbador, sei que os alemães nos espreitam do outro lado, à espera de qualquer movimento em falso para nos atacar.
Já perdi imensos amigos, companheiros de guerra e espero não perder mais ninguém, só penso no momento em que acabará esta maldita guerra. A Rússia como era a mais atingida, pela perda de muitos soldados, e estes já não confiavam nos seus chefes, decidiu sair da guerra. A Alemanha decidiu bombardear barcos americanos e, por isso, os EUA decidiram entrar, para ajudar os seus compatriotas Ingleses. Fala-se que os alemães pretendem abandonar a guerra ...pois estão a ver que têm poucas hipóteses de vencer.
Bem parece que vos vou ver mais cedo do que pensava. Passado quatro anos, não vejo a hora de vos ver.
Adoro-vos imenso, beijos.

Chemin des Dames


França, 5 de Dezembro 1916

Querida Família,
Também estou com muitas saudades.
Passo dias e noites a pensar quando é que esta guerra acabará.
Vejo muitos companheiros a morrerem soterrados nas trincheiras devido à lama e eu sem poder fazer nada.
Passamos muita fome, mas quando comemos, a comida é desidratada.
Estas noites têm sido um tormento para os meus ouvidos, não paro de pensar naqueles barulhos horríveis das granadas e das metralhadoras.
A nossa higiene é precária.
Ficamos bastante tempo nas trincheiras, apanhamos doenças e piolhos.
A nossa roupa é lavada a vapor mas, mesmo assim, os ovos dos piolhos não saem, temos de usar a ponta dos cigarros para que possam sair.
Faço várias perguntas enquanto escrevo:
Será que vou morrer?
Será que ainda vos irei ver?
Será que esta carta é a última que vos escrevo?
E sem saber a resposta.
Deixo-vos com uma enorme saudade e um grande beijo.
Amo-vos muito e estarão sempre no meu coração.
Patrício



Nordeste de França, 22 de Outubro de 1917

Querido pai,
Escrevo-te esta carta, aqui em França, na fronteira suíça, para saber como estás e para te contar o meu dia-a-dia aqui nas trincheiras. Estou com saudades da minha família querida.
Pai, a minha vida e a dos meus colegas é horrível. Quando chove nas trincheiras, os túneis inundam e eu e os meus colegas de serviço lutamos para sobreviver, ficamos sem comer nem dormir durante semanas. O pior é ficarmos com os uniformes encharcados de lama que, por vezes, chega até ao peito.
Os colegas a morrer e o mais grave são as doenças que se vão espalhando. Para além dos inimigos humanos também temos que combater os piolhos, enquanto os ratos e outros animais se alimentam de cadáveres.
Tudo isso o que tem positivo é…
Desculpa, pai, mas não consigo continuar a escrever-te…
Beijos de saudades,
Evaristo

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